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domingo, 20 de abril de 2008

Sol do deserto africano poderia aquecer Europa

A energia solar já é usada em casas, escritórios e até carros. Cientistas alemães estão propondo a instalação de um gigantesco campo de espelhos em uma área desértica no norte da África para gerar energia solar para a Europa. O plano foi detalhado em um relatório sobre fontes alternativas de energia apresentado ao governo da Alemanha. Usinas desse tipo já são usadas hoje na Espanha, na Austrália e em Nevada, nos Estados Unidos.
A proposta dos cientistas alemães é expandir esse conceito para produzir, em grande escala, energia que não polua o ambiente e a preços competitivos. Os painéis seriam instalados no norte da África e a energia gerada seria destinada a consumo por países europeus. O plano recebeu o nome de Energia Solar Concentrada.
Um dos cientistas envolvidos, Gerhard Knies, explicou à BBC como a usina solar funcionaria. "Quando você concentra luz, seja com uma lente, ou com um espelho, você gera calor", disse Knies. "Então você pode gerar, a partir da luz do sol, temperaturas altíssimas, de 200, 300 e até 400 graus centígrados." "Isso é suficiente para ferver a água. Quando você ferve a água, cria vapor. Com o vapor, você move uma turbina que é conectada a um gerador elétrico – então você obtém eletricidade." Segundo estimativas, a luz do sol produz anualmente energia equivalente a 1,5 milhões de barris de petróleo para cada quilômetro quadrado de superfície. A usina de energia solar tem a aparência de um campo coberto de espelhos, cada um com uma largura aproximada de 10 metros. A luz que chega ao espelho é concentrada e refletida sobre um cano. A luz do sol é absorvida e a água começa a ferver. Os pesquisadores dizem que uma área relativamente pequena dos desertos quentes do mundo - cerca de 0,5% - teria de ser coberta com os coletores solares para atender às necessidades de energia elétrica do planeta. Para abastecer toda a Alemanha, por exemplo, seria necessária uma área equivalente às cidades de Berlim e Hamburgo juntas", disse Knies. Os cientistas planejam instalar os espelhos no norte da África. De lá, a energia terá de ser transportada para a Europa. Knies explicou que o norte da África já está conectado com a Europa a partir de cabos de energia elétrica. Os cabos passam pelo Mar Mediterrâneo e pelo Estreito de Gibraltar, disse. "Essa rede teria de ser expandida." Segundo ele, o esquema é comercialmente viável.
"Quando você quer transmitir energia através do mar ou entre distâncias acima de 500 a mil kilômetros, esses cabos são a melhor opção do ponto de vista econômico." "Hoje há cabos conectando a Noruega e a Alemanha, por exemplo, e em dezenas de lugares pelo mundo." Knies admite que construir os campos de espelhos e a tecnologia associada custa dinheiro, mas ele argumenta que combustíveis fósseis também são caros.
"O importante é ser competitivo." O cientista disse que com o preço do barril de petróleo entre US$ 50 e US$ 60, já é vantajoso financeiramente coletar energia do sol. Hoje em dia, já está acima dos US$115,00, o que torna uma alternativa muito viável. “Essa tecnologia pode competir com o petróleo nesse preço”, disse.
Os defensores da tecnologia dizem que este método de gerar energia solar tem uma vantagem adicional sobre outras tecnologias que utilizam luz do sol, porque a água quente pode ser armazenada, mantendo as turbinas em funcionamento horas após o cair da noite. Além disso, dizem os cientistas, os espelhos criam áreas de sombra que podem ser usadas para agricultura e irrigadas com água dessalinizada gerada pela usina.

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