Acredito que a Astronomia e a Fotografia fizeram parte da minha formação desde as mais priscas eras.
Castorino Rodrigues, meu padrinho de batismo, a quem devo meu nome `Ubiratan´, que significa 'madeira dura' em Tupi-Guarani, tinha um Telescópio onde avistávamos as crateras da Lua, sempre tão bela, tão rara e tão pura. Mais tarde, a Apollo 11 aportou por lá, e pudemos assistir o espetáculo, com muito chuvisco e estáticas lá na Praia de Pontal do Sul. Era meio tarde e eu estava quase dormindo quando falaram de um pequeno passo alí significaria um grande passo para a humanidade lá na Terra, ou coisa assim. Deram uns pulinhos e nada mais. Os anéis de Saturno, eu não me lembro de ter visto estes anéis, mas alguns lances das vizinhas, era coisa fácil de se ver no possante Telescópio, sempre guardado sob um flanela para não pegar pó e guardar os sigilos.
Quanto ao Laboratório Fotográfico, era muito interessante, aquela Luz vermelha acesa, parecendo uma boite. As imagens se formando como uma estranha magia sobre o papel Kodak. Tinha revelador, fixador, interruptor, um forte cheiro de vinagre do Ácido Acético no ar, sais de Hidroquinona, banhos, muitos outros sais, pinças, termômetros, cronômetros, tudo muito interessante. Não tinha Internet , as televisões era coisa meio rara, o rádio era mais popular. Mas, o que havia de legal, era o gosto pelos hobbies, muitas pessoas tocavam algum intrumento musical, ou faziam fotografia, ou praticavam astronomia. Acho que a mídia roubou um tempo precioso das interações sociais, que hoje são raras, apenas nos bares e para falar mal dos governos e das falcatruas, um papo meio ruim. O tempo dos hobbies foi roubado, a Astronomia era regada com boas conversas, refrigerantes, e o assunto girava por orbitais variados.
Acho que a astronomia é muito interessante para quem não é astrônomo. As perguntas dos leigos é que alimentam o assunto, e sem a mitologia grega junto com alguns elementos da astrologia, ficaria uma coisa muito piegas, muito sem tempero. A mitologia grega é que leva nossa imaginação muito além dos anéis de Saturno, ou da longínqua órbita de Plutão, recentemente rebaixado da categoria de planeta. O que seria o estudo das Plêiades sem os aspectos da mitologia grega, Electra e seus complexos, Celene, Taigete, Maia, Mérope, Asterope e Dríope, todas divinas. Seria um indigesto tratado de Astrofísica sobre uma distante constelação e nada mais.
Acho que a popularização da Astronomia passa pelo uso dos nomes dos vários satélites naturais em cães, gatos, cavalos entre outros muares. Imagine um feroz Pastor Alemão ou um Hotweiller chamado `Fobos´ ?
Ou um endemoniado Pit Bull chamado `Deimos´, são bons nomes. Uma cachorra, de um raça, assim sem definição exata, chamada `Réa´ é um excelente nome. As 7 plêiades para nominar 7 gatas também é muito bom. Eu gostaria muito que a Astronomia se popularizasse como atividade de campo, de Astro-fotografia, enfim a conversa entre as relações humanas precisam ser desvinculadas da mídia, que anda muito chata. As novas de hoje são as velhas de ontem, e as velhas de hoje, já foram as novas de ontem, num ciclo sempiterno, muito doido, onde a única novidade que vale a pena são as Artes, a Música, o Teatro e o Cinema, e , por que não , a Astronomia e a Fotografia também ? Enfim, na atual sociedade de mercado, consome-se muitas drogas, porque se consome poucas Artes e as Ciências cederam lugar ao fanatismo religioso. As vezes me pergunto, será que estamos avançando ou retroagindo no tempo ?